Dessalinização com energia solar beneficiará comunidade rural no Rio Grande do Norte
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JOÃO CÂMARA — A energia gerada a partir de painéis solares fotovoltaicos vai alimentar um projeto de dessalinização que levará 80 mil litros/dia de água potável a moradores de comunidades rurais no município de João Câmara, no Rio Grande do Norte (RN).
Fruto da parceria entre a CPFL Renováveis, empresa da CPFL Energia, e a estatal chinesa State Grid, a planta dessalinizadora foi inaugurada nesta quinta (16/2).
O evento marcou a transferência da obra para o governo potiguar, que cuidará da operação e da manutenção do projeto, assim como a construção de um modelo de gestão.
“É um planejamento estratégico de responsabilidade social para o presente e para o futuro. Não vamos parar por aqui”, declarou a governadora Fátima Bezerra (PT). Ela ressaltou que o estado, potência nacional em renováveis, deve avançar ainda mais na geração de energia verde.
As obras tiveram início em agosto de 2022 e foram finalizadas em dezembro do mesmo ano, com um investimento de R$ 8 milhões na instalação de redes de abastecimento de água e geração energética pelo sistema off-grid híbrido, com a utilização de painéis solares e baterias ligados à energia.
A água tratada abastecerá cerca de 800 residências, ou seja, três mil moradores de Serrote de São Bento, Amarelão e Santa Terezinha, povoados de João Câmara. A distribuição será feita através de chafarizes, um para cada região, por meio de uma adutora de cinco quilômetros de extensão.
O objetivo da iniciativa é resolver o problema de falta de água própria para o consumo no local. O estado é o maior produtor de sal marinho no Brasil, logo possui uma quantidade expressiva da substância na água.
Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) indicam que mais de um bilhão de pessoas no mundo não possuem acesso à água potável. Somente no Brasil, 33 milhões são afetadas pela falta do recurso, segundo a instituição.
Etapas da dessalinização
A tecnologia de dessalinização conta com três fases: captação da água, tratamento do líquido e disposição dos rejeitos.
O poço do complexo possui 146 metros de profundidade, de onde a água salobra é retirada dos lençóis freáticos e armazenada posteriormente em tanques para ser filtrada. Cerca de 85% da água se torna potável enquanto 15% contém resíduos.
A planta abriga um reservatório para acumular os rejeitos descartados do processo. Com o tempo, a água evapora, deixando apenas o sal concentrado no local.
“De forma geral, o projeto foi pensado numa ótica de sustentabilidade de longo prazo. A ideia é que eles fiquem depositados durante 20 anos e depois possam ser descartados de maneira correta”, explicou o CEO da CPFL Energia, Gustavo Estrella, à agência epbr.
Foco em ESG
De acordo com os idealizadores, as ações com as comunidades reforçam o posicionamento da State Grid e da CPFL com iniciativas voltadas ao ESG (environmental, social and governance, em inglês).
Para o presidente do Conselho de Administração da CPFL Energia, Daobiao Chen, o projeto visa trazer segurança hídrica e contribuir para a qualidade de vida dos habitantes.
“Este projeto é o maior em dessalinização construído e doado pela State Grid fora da China, que tem um significado importante em contribuir com o bem-estar da população local e levar dignidade para os moradores”, afirmou.
Fonte: Epbr