O Projeto Selo +Energia Sustentável

por Aline pan e felipe detzel kipper

O Brasil encerrou o ano de 2022 com uma expansão no setor elétrico de 8.235,1 MW – a segunda maior registrada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) desde sua fundação, atrás apenas dos 9.528 MW alcançados em 2016 [i]. Sendo que 2677,3 MW (32,5%) oriundo da energia solar fotovoltaico, o que tornou o segundo recurso mais representativo na matriz elétrica brasileira.

A energia solar fotovoltaica é uma fonte de energia renovável, que aproveita a radiação solar para produzir eletricidade. De modo que, o barateamento desta tecnologia, a abundância do recurso solar em nosso país, além da crescente preocupação com o meio ambiente são alguns dos fatores que contribuem para a difusão deste tipo de energia no Brasil.

O Rio Grande do Sul (RS), assim como o Brasil, é um mercado promissor para produção de energia de fonte solar e tem se consolidado como o terceiro estado brasileiro com maior potência instalada desse segmento, perdendo apenas para os estados de Minas Gerais e São Paulo [ii]. Apesar da contribuição do RS para o fomento aos sistemas fotovoltaicos no país, segundo Relatório Estratégico da GRENNER [iii], as empresas que atuam no setor estão majoritariamente situadas na região sudeste do Brasil, evidenciando a necessidade do desenvolvimento de empresas locais na região sul. Esse desenvolvimento não se refere apenas ao crescimento do número de empresas no setor, mas ainda de apoio à sua qualificação técnica e ao aumento dos níveis de qualidade de seus serviços, apoiados por financiamentos públicos efetivos.

É nesse cenário que se insere o “Programa Selo + Energia Sustentável” que tem como propósito desenvolver um Sistema Analítico de Performance (SiAP), a partir de Indicadores de Desempenho para qualificar e promover a rede da cadeia produtiva de energia solar fotovoltaica, visando o desenvolvimento sustentável e a gestão de energia no estado do RS. O “Selo + Energia Sustentável” é uma oportunidade de atender a uma demanda do mercado gaúcho, disponibilizando aos negócios do setor de energia a oportunidade de qualificar seus processos, fomentando a economia gaúcha e promovendo o uso de energias limpas. Através do Programa, também será possível diminuir os entraves para que os consumidores finais de sistemas fotovoltaicos tenham acesso a financiamentos atrativos, e informações relevantes quando da contratação das empresas prestadoras dos serviços de instalação e fornecedoras dos sistemas.

A cerimônia de lançamento do Programa aconteceu no dia 22/09/2022 (Fig. 2) no Banritech em Porto Alegre, e contou com a participação dos dirigentes do Banco do Estado do RS (Banrisul), do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que são os parceiros no Programa, junto com demais representantes da sociedade civil e do governo do Estado do RS. A UFRGS e o Banrisul são os parceiros para o desenvolvimento da metodologia do “Selo + Energia Sustentável” e o Senai e Sebrae são os responsáveis pelas capacitações técnicas e organizacionais. O público-alvo do Programa são as empresas que atuem no setor solar fotovoltaico (integradoras) do estado do RS, adimplentes e que tenham sido selecionadas previamente pelo Banrisul como elegíveis ao Programa.

Figura 1. Lançamento do Programa Selo + Energia Sustentável.

Neste primeiro semestre do “Programa Selo RS Solar Sustentável” foi mapeado a cadeia produtiva solar fotovoltaica no Brasil, colocando como ponto focal as empresas integradoras da cadeia de Produção de energia solar fotovoltaica. Desenvolveu-se a Política de Governança do Selo + Energia Sustentável [iv] que é a estrutura que estabelece o funcionamento básico do “Selo + Energia Sustentável”. O Sistema Analítico de Performance (SiAP) também foi elaborado neste período, e é o conjunto de indicadores de desempenho que permitem diagnóstico, a partir de ferramenta visual interativa, da capacidade de performance de empresas integradoras do setor de energia solar fotovoltaica, relacionado a quatro dimensões: Gestão e Crescimento Econômico, Responsabilidade Social, Energia e Meio Ambiente e Cadeia de Valor e Inovação (Fig. 2). Estas dimensões estão relacionadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) [v]. Os ODS compõem a Agenda 2030, definida na Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, em setembro de 2015, e acordada globalmente. Ao todo, são 17 objetivos e 169 metas a serem atingidos até 2030.

Figura 2. Dimensões de análise no Sistema Analítico de Perfomance desenvolvida pela UFRGS [iv].

Na atualidade, junho de 2023, está ocorrendo o monitoramento do desempenho dos integradores participantes do programa. Para tal, foi desenvolvida uma estrutura de mentoria para dúvidas, tanto em relação a questões gerenciais quanto técnicas e operacionais dos processos que demandam melhorias. Nessa etapa, também é realizada a coleta de dados, os quais alimentarão o sistema de indicadores gerado na última etapa do método.

O Programa (Ciclo I) será finalizado em setembro de 2023 (1 ano de duração), em que as empresas receberão a sua avaliação final, ou seja, as empresas integradoras participantes do programa serão reconhecidas pelo seu desempenho no sistema, a qual categoria do Selo + Energia Sustentável essas empresas pertencem. As categorias da avaliação são as seguintes: Avançado (Selo Ouro), Intermediário (Prata) e Básico (Bronze) e Em Desenvolvimento utilizando um sistema de avaliação em quatro etapas. Ocorrerá uma cerimônia para a entrega dos Selos, que terá como participantes tanto as empresas que foram avaliadas, bem como novas empresas que poderão fazer parte do segundo ciclo de capacitação. Dessa forma, paulatinamente, pretende-se ampliar a abrangência da capacitação e da avaliação para grande parte das empresas do setor de energia solar fotovoltaica, no estado do RS; assim como tais dados irão retroalimentar os sistemas de indicadores desenvolvidos e o processo de avaliação.

Ao estimular o desenvolvimento sustentável e fortalecer o segmento de produção de energia fotovoltaica e eficiência energética, contribui-se para questões ambientais, econômicas e sociais. Isso fortalece a economia do estado e reforça a imagem da participação ativa da quádrupla hélice. Além disso, espera-se atender a necessidade de diversificar a nossa matriz de energia elétrica através de outras fontes além das já exploradas, atendendo assim aos requisitos de sustentabilidade tão caros na atualidade. Demais informações do programa estão disponibilidades na página web do Selo e podem ser acessadas no seguinte endereço web: https://www.ufrgs.br/seloenergia/ (Fig.3).

Figura 3. Layout da página web do “Selo + Energia Sustentável [vi].

[i] ANEEL, 2023 – Brasil supera em 2022 os 8 GW de expansão na capacidade instalada. Disponível em: <https://www.gov.br/aneel/pt-br/assuntos/noticias/2023/brasil-supera-em-2022-os-8-gw-de-expansao-na-capacidade-instalada>. />. Acesso em: 15 junho 2023.

[ii] ABSOLAR, 2022 – Infográfico ABSOLAR. Disponível em: <https://www.absolar.org.br/mercado/infografico/>. Acesso em: 15 junho 2023.

[iii] GREENER, 2022. Estudo Estratégico Geração Distribuída Mercado Fotovoltaico. Disponível em: < https://www.greener.com.br/estudo/estudo-estrategicogeracao-distribuida-2021-mercado-fotovoltaico-2-semestre/ >. Acesso em: 11 Jul. 2022.

[iv] UFRGS, 2023 – Política de Governança do Programa Selo + Energia Sustentável. Disponível em: <https://www.ufrgs.br/seloenergia/wp-content/uploads/2023/04/Politica-de-Governanca.pdf>. Acesso em: 15 junho 2023.

[v] ONU, 2015 – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Disponível em: <https://www.pactoglobal.org.br/ods>. Acesso em: 15 junho 2023.

[vi] UFRGS, 2023. Página web do Selo + Energia Sustentável. Disponível em: https://www.ufrgs.br/seloenergia/>. Acesso em: 15 junho 2023.

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