Em um mundo em que as emissões do setor de energia continuam a aumentar e atingiram um novo recorde no ano passado, “mascarar” o uso de combustíveis fósseis com captura de carbono (CCS) não é a solução. Esse é o alerta da Agência Internacional de Energia, que cita em um relatório atualizado a urgência de acelerarmos a transição energética ao invés de desacelerar o processo com tecnologias custosas para retirada de gases de efeito estufa na atmosfera. O documento intitulado foi publicado pela primeira vez em maio de 2021 e, agora, passou por revisão.
Se continuarmos neste ritmo de emissões, corremos o risco de não cumprimos as metas do Acordo de Paris de limitar o aumento da temperatura global a 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais e ainda ficarmos “reféns da captura de CO2”, disse a AIE. Por isso, a necessidade de apostar em mitigação e frear projetos de gás e petróleo.
“No entanto, também há motivos crescentes para otimismo: os últimos dois anos viram um progresso notável no desenvolvimento e implantação de algumas tecnologias-chave de energia limpa”, disse a agência em um comunicado. Apesar de exercer um papel no combate a emergência climática, as CCS levantam debates e críticas, pelo seu alto custo, por não terem sido comprovadas em larga escala e também pelos seus possíveis impactos ambientais.
Em uma reunião preparatória para a COP28 em Berlim em agosto, o tom do discurso causou divergências entre os países, ao citar a eliminação gradual dos combustíveis fósseis usando tecnologias de captura e armazenamento de carbono enquanto se aumenta a energia renovável — dizendo que essa estratégia permite que as nações combatam o aquecimento ao mesmo tempo que continuam a produzir petróleo, gás e carvão.
Atualmente, tecnologias como essas estão se somando à remoção natural de carbono já feita por árvores e oceanos – que já não estão dando conta de capturar as emissões em escala global. Segundo a Agência Internacional de Energia, existem atualmente 27 locais de captura de carbono atmosférico no mundo em escala pequena e mais de 130 projetos estão em desenvolvimento. No mês passado, a Holanda decidiu dar andamento a um grande projeto deste tipo e que seria o maior da Europa, passando o líder do setor que é uma usina inaugurada na Islândia em 2021 e que remove cerca de 4 mil toneladas de CO2 por ano.
De acordo com os cientistas do IPCC, interromper uma tonelada de dióxido de carbono com CCUS (captura de carbono, utilização e armazenamento) custa entre US$ 50 e US$ 200. Já substituir combustíveis fósseis por renováveis geralmente economiza dinheiro.
Fonte: Um Só Planeta