A demanda global de energia aumentou 1% no ano passado e o crescimento recorde de renováveis não fez nada para mudar o domínio dos combustíveis fósseis, que ainda representam 82% da oferta, segundo o relatório setorial Statistical Review of World Energy, reporta a Reuters.
No ano passado, a invasão da Ucrânia pela Rússia ajudou a elevar os preços do gás e do carvão a níveis recordes na Europa e na Ásia. Mas isso incentivou a produção e alguns grandes consumidores (como China e Índia) se dispuseram a manter as compras. Os produtos de petróleo, gás e carvão continuam liderando a oferta de energia, apesar do maior aumento já registrado na capacidade renovável de 266 gigawatts combinados em 2022, com a energia solar em primeiro lugar, seguida da eólica, afirma o relatório.
“Ainda estamos caminhando na direção oposta à exigida pelo Acordo de Paris”, disse Juliet Davenport, presidente do Instituto de Energia global com sede no Reino Unido, à reportagem.
Alguns destaques do relatório:
>> A demanda global de energia primária cresceu cerca de 1%, desacelerando em relação aos 5,5% do ano anterior, mas a demanda ainda estava cerca de 3% acima dos níveis pré-coronavírus em 2019.
>> O consumo de energia cresceu em todos os lugares, exceto na Europa, incluindo a Europa Oriental.
>> As renováveis, excluindo a energia hídrica, representaram 7,5% do consumo global de energia, cerca de 1% acima do ano anterior.
>> A participação dos combustíveis fósseis no consumo global de energia permaneceu em 82%.
>> A geração de eletricidade aumentou 2,3%, desacelerando em relação ao ano anterior. As energias eólica e solar cresceram para uma participação recorde de 12% da geração de energia, superando novamente a nuclear, que caiu 4,4%, e atendendo a 84% do crescimento da demanda líquida de eletricidade.
>> A participação do carvão na geração de energia permaneceu dominante em cerca de 35,4%.
>> As emissões globais relacionadas à energia, incluindo processos industriais e queima, aumentaram 0,8%, atingindo um novo recorde de 39,3 bilhões de toneladas de CO2 equivalente.
>> A maior parte do crescimento da demanda de petróleo veio do apetite revivido por combustível para aviação e produtos relacionados ao diesel.
>> A Europa foi responsável por grande parte do crescimento da demanda de gás natural liquefeito, aumentando suas importações em 57%, enquanto os países da região Ásia-Pacífico e América do Sul e Central reduziram as compras.
>> O consumo de carvão aumentou 0,6%, seu nível mais alto desde 2014, impulsionado principalmente pela demanda chinesa e indiana, enquanto o consumo na América do Norte e na Europa diminuiu.
>> O crescimento em energia renovável, excluindo a energia hidrelétrica, desacelerou ligeiramente para 14%, mas a capacidade solar e eólica ainda apresentou um aumento recorde de 266 gigawatts, com a energia solar assumindo a maior parte.
Fonte: Um só Planeta