Dispara o uso da energia solar no setor agropecuário
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A utilização de sistemas fotovoltaicos para a geração de energia elétrica tem se expandido de forma intensa nas áreas rurais, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Os investimentos do setor agropecuário em energia solar no país, que somaram R$ 1,26 bilhão entre 2013 e 2019, passaram para R$ 1,67 bilhão apenas em 2020.
Especialistas afirmam que a economia gerada pelo sistema de energia solar fotovoltaica, que pode alcançar até 95% da conta, é um dos fatores que tem chamado a atenção dos empresários no campo, mas há outros igualmente relevantes. “Na última década, uma série de motivos, como novas legislações e o aumento no preço da energia elétrica, tornou a energia fotovoltaica uma alternativa muito interessante aos olhos dos produtores rurais”, reflete o empresário do setor de energia fotovoltaica em Araçatuba (SP), Francis Polo. Para ele, a disponibilidade de linhas de crédito e novas possibilidades de arranjo junto à rede elétrica, também tornam o investimento cada vez mais atrativo.
O levantamento da Absolar mostra ainda que no primeiro semestre deste ano o montante investido superou R$ 1,1 bilhão, alçando o total já aplicado a R$ 4,04 bilhões. Nas contas da entidade, de 2012 ao fim de julho deste ano, os investimentos em energia solar no Brasil atingiram R$ 32,21 bilhões, incluindo todos os setores (agronegócio, industrial, comercial e residencial). A participação do agro, assim, representou 12,5% do total no período. Em potência gerada, isso representa atualmente 13,3%, com 839 megawatts (MW) dos 6.310 MW totais.
SUSTENTABILIDADE E CRÉDITO
“O produtor rural tem ‘acordado’ para a economia que o sistema fotovoltaico pode representar, e para a previsibilidade de custos que ele oferece, podendo ser usado desde a irrigação das lavouras, passando por cercas elétricas e bombeamento de água, até a refrigeração do leite, entre muitas outras finalidades. Essa tecnologia também pode ajudar o agronegócio a atender à demanda dos consumidores por produtos mais sustentáveis”, explica o presidente da Absolar, Rodrigo Sauaia.
Além disso, a existência de novas linhas de crédito dentro do Plano Safra voltadas à atividade facilitou a adesão à tecnologia, de acordo com Francis Polo. Nesta temporada 2021/22, a linha de Agricultura de Baixo Carbono (ABC) conta com recursos para investimento em energia solar, bem como o Inovagro, o Prodecoop (médios produtores) e o Pronaf (agricultura familiar). E também há linhas disponíveis em bancos públicos e privados, assim como em cooperativas.
Nos bancos, as soluções financeiras são cada vez mais atrativas, com as taxas mínimas de juros reduzidas a 0,74% a.m. e o prazo de parcelamento chegando a 96 meses, com 120 dias de carência para pagamento da primeira parcela. As facilidades do financiamento atendem empresas de todos os portes, além de pessoas físicas que planejam instalar o sistema em casa.
ECONOMIA
Em Araçatuba, o médico veterinário, professor universitário, produtor rural e empresário, José Fernando Garcia, investiu na energia fotovoltaica com foco no desenvolvimento da pecuária de precisão. A energia elétrica gerada garante o funcionamento das bombas que puxam a água do poço e a levam a todo o sistema de irrigação do pasto, que funciona a maior parte do dia, sete dias por semana.
Garcia ressalta que antes da instalação gastava de R$ 2 mil a R$ 3 mil por mês com a conta de luz da propriedade. “Agora são apenas R$ 60 reais. Além disso, o excedente de energia gerado é descontado da conta de luz de outros três imóveis meus”, comenta. “Estou extremamente satisfeito! Além disso, usei os 250 metros de placas fotovoltaicas para cobrir um barracão na propriedade, economizando telhas e coberturas”, finaliza.
O produtor rural Flávio Manzatto, que tem um sítio em Birigui (SP), também investiu no sistema fotovoltaico e está economizando. A energia elétrica gerada pelos painéis é usada no equipamento que tritura o milho para a alimentação do gado e em várias outras atividades, no campo e na casa dele. O investimento de pouco mais de R$ 40 mil foi parcelado em 40 vezes. Hoje, ele paga R$ 1.070 por mês, valor bem abaixo do que gastava anteriormente com a conta de energia. “Eu achava muito caro. Agora, tá é muito bom!”, concluir ele.
Fonte: Folha da Região