Em meio a preocupações com os efeitos do aquecimento global, amplamente discutidos na 28ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 28), grandes potências econômicas apresentaram um aumento expressivo na capacidade de gerar energia renovável. É o que mostra a reportagem do Estado de São Paulo ao destacar o crescimento, frente aos desafios econômicos, das energias eólica e solar, além dos avanços para o armazenamento de energia em baterias.
Apesar da inflação alta, do aumento dos juros e dos custos das matérias-primas, os incentivos promovidos pelos países e os preços, geralmente, mais baixos das energias renováveis compensaram o lado negativo. Dessa forma, os países conseguem avançar na produção de energia através de fontes eólicas e solares.
Energia solar
O ano de 2023 foi de recordes na expansão da capacidade instalada para China, Europa, Estados Unidos e Brasil, de acordo com a Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) e o Ministério de Minas e Energia do Brasil.
O país asiático despontou nas adições de capacidade de geração de energia solar, ao expandir para algo entre 180 e 230 Gigawatts (GW). Para ter uma dimensão do feito, a Europa ampliou em 58 GW e o Brasil, por sua vez, obteve um crescimento de 3 GW (entre os meses de janeiro e setembro de 2023, segundo o MME).
Na Europa, um dos motivos que explicam o crescimento é a queda nos preços dos painéis solares, que chegou a algo entre 40% e 53% entre dezembro de 2022 e novembro de 2023. Já nos Estados Unidos, os incentivos ofertados pelos governos estaduais e federais ajudam a entender a crescente, como relatou Daniel Bresette, presidente do Instituto para o Estudo Ambiental e de Energia ao AP News.
Energia eólica
Responsável por um acréscimo de 3,2 GW ao Sistema Interligado Nacional (SIN), a fonte eólica contribuiu para a matriz elétrica brasileira chegar a 83,79% de fontes renováveis. O aumento dos números, em relação à energia eólica em 2023, cresceu ao ponto deste ser suficiente para abastecer 80 milhões de lares.
Ainda segundo matéria do AP News, em junho do ano passado, o setor atingiu a marca de 1 terawatt de capacidade no mundo. Esse volume, que demorou 40 anos para ser atingido, pode ser alcançado em sete anos, se mantido o ritmo atual. A China é uma forte aliada nesse sentido, uma vez que expandiu em mais 58 GW a capacidade de produção, a maior parcela mundial. O país se estabelece como destaque em ambas as produções, onshore e offshore.
Por outro lado, a Europa reduziu em cerca de 6% o ritmo de construção de novos projetos, em função dos custos mais elevados, adiando alguns deles para 2025. Já nos Estados Unidos, o setor tenta avançar na energia eólica offshore, mas ainda encara obstáculos econômicos. Os créditos fiscais aprovados com a Lei de Redução da Inflação ajudam, mas ainda levará anos para que os projetos sejam ativados. Apesar dos problemas, os EUA conseguiram apresentar um número animador, que gira em torno de 8 a 9 GW à rede.
Baterias
Uma tendência do setor de transportes é a migração para veículos elétricos, uma vez que o impacto ambiental é menor. Com isso, há um interesse maior dos países na produção e na reciclagem de baterias. Evidencia-se tal movimento com a construção de 295 grandes fábricas de baterias, as gigafábricas, na China. Além disso, a Europa e os EUA construíam, cada, 38 gigafábricas em novembro de 2023.
Nos EUA, a dinâmica, mais uma vez, não foi fácil: fábricas tiveram problemas com energia, recrutamento e infrações de saúde e segurança. No entanto, o país gastou mais de US$ 43,4 bilhões na área ao contar, em grande parte, com a Lei de Redução da Inflação, como mostra reportagem do AP News.
Fonte: Além da Energia