As energias renováveis estão pavimentando o caminho para a reindustrialização no Nordeste. E um dos pilares de sustentação desse novo momento será uma solução integrada que agregue o etanol com a produção de hidrogênio verde e outras fontes renováveis, como a geração de energia eólica e solar. Esta é a opinião de vários especialistas que apresentaram palestras no Fórum Nordeste 2023, realizado nesta segunda-feira (04), no Recife.
Este processo de reindustrialização inclui a descarbonização, a substituição dos combustíveis fósseis por outros que sejam renováveis, como o hidrogênio verde e o etanol, que está sendo considerado o combustível que vai ajudar a emitir menos emissões, principalmente, pelo setor de transporte, um dos grandes emissores de gases que contribuem para o aquecimento global.
Pelo menos duas montadoras, – a Stellantis, em Pernambuco, e a chinesa BYD, que vai se implantar em Camaçari, na Bahia -, que os seus carros híbridos vão ter motor de propulsão elétrica combinado com o uso do etanol. “Neste processo, as parcerias são fundamentais e precisamos contar com a Academia, produtores, Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs) e governo. O País tem que perpetuar o etanol nesta cadeia”, comenta o vice-presidente para assuntos regulatórios da Stellantis para a América do Sul, João Irineu Medeiros.
Ele argumenta que o uso do carro híbrido da companhia que vai usar etanol com o motor à propulsão elétrico é uma solução alternativa para garantir o equilíbrio econômico, social e ambiental. Isso porque o governo do Brasil não tem condições de subsidiar o carro elétrico como alguns países estão fazendo o uso do etanol já provoca o “empate técnico” com veículos produzidos, por exemplo, na Europa com relação a emissão de carbono. Esse veículo híbrido também vai permitir uma transição plajejada para os veículos 100% elétricos, segundo João Irineu. “Aumentar o uso do etanol é fundamental para reduzir as emissões de carbono em 50% em 2030.
Regulação da energia renovável
Outros países que vão concorrer com o Brasil, como Estados Unidos e Austrália, já estão fazendo as suas regulações desta área, segundo o diretor-executivo de Negócios Liberalizados da Neoenergia, Hugo Nunes, na sua palestra que fez parte do evento. “Vai ganhar quem fizer a melhor regulação. Precisa de uma regulação forte para que possa acontecer os investimentos”, comenta.
Também presente ao Fórum, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, disse que votar a “pauta verde” está entre as prioridades do segundo semestre daquela casa e que foi instalada uma comissão especial de hidrogênio verde para acompanhar a transição energética. De acordo com o deputado, isso inclui a regulamentação do crédito de carbono, das eólicas off shore – que serão grande exportadoras de energia e de crédito de carbono – e o uso do hidrogênio verde. Ele também defendeu o aumento da participação do álcool nos combustíveis fósseis, como a gasolina. “A região está com a faca e o queijo na mão para gerar empregos, atrair empreendimentos e se tornar a grande fronteira da expansão industrial do Brasil”, argumenta o presidente da Câmara. Vai pagar mais barato pelo hidrogênio e pela energia eólica quem tiver instalado perto da geração dessa energia.
Prestígio e presença
O evento reuniu lideranças empresariais do setor – de várias localidades como São Paulo, Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Piauí, da região Centro-Oeste – além de políticos, como o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, a governadora Raquel Lyra (PSDB), o prefeito do Recife, João Campos (PSB), o presidente do Banco do Nordeste (BNB), Paulo Câmara, senadores, deputados federais e estaduais dos mais diversos partidos.
“O evento superou as expectativas. E o que vimos hoje aqui só comprova que o Nordeste será o protagonista na transição energética no Brasil”, afirma o presidente do Grupo EQM, Eduardo Queiroz Monteiro.
Fonte: Folha PE