Lançada na última segunda-feira (15), a primeira Faculdade de Energias Renováveis e Tecnologias Industriais (Faeti) do País é a materialização de um sonho antigo e vem suprir uma demanda de quase duas décadas. É o que dizem gestores, diretores e especialistas da área no Rio Grande do Norte, estado que é líder absoluto de geração de energia eólica no Brasil e um dos protagonistas na produção solar nacional. A nova instituição de ensino superior, que já começa a operar no início de março, é uma iniciativa do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), que integra o Sistema da Federação das Indústrias do Estado (Fiern).
Visando uma perspectiva de ensino direcionada à inserção na indústria local, a Faeti busca atender às demandas do mercado de energias renováveis, cada vez mais competitivo no cenário nacional e internacional.
No entanto, o que hoje é uma perspectiva positiva de formação de mão de obra qualificada, já foi um grande desafio no passado, mais precisamente na metade da década de 2000, quando o primeiro parque eólico foi implantado no Rio Grande do Norte, em Rio do Fogo, lembra a ex-diretora executiva do CTGAS-ER, Cândida Aragão.
“É uma demanda que existe desde lá atrás, quando começou a se falar em energia eólica aqui no Estado. Isso surge num contexto onde havia uma iniciativa da gestão do Senai, da Fiern, da época, de apoiar a diversificação da matriz energética, de ampliar a participação das renováveis. Foi um acerto apoiar a pesquisa, desenvolvimento tecnológico, educação de qualidade porque sem isso não tem desenvolvimento industrial. A estrutura física não vai acontecer sem pessoas preparadas”, conta Cândida Aragão, que acompanhou o surgimento do projeto CTGAS, em 1998.
O presidente da Fiern, Roberto Serquiz, destacou a trajetória de evolução do RN no incentivo ao ensino na área e ressaltou que o Estado se qualifica para acompanhar as necessidades globais de formação profissional com a Faeti. “Isso vem muito ao encontro do que o mundo pede. As conferências climáticas, sobretudo a COP22, ajustaram as expectativas e tendências, com metas a serem cumpridas, e nós vamos contribuir para isso”, destaca.
A Faeti foi lançada pelo Senai-RN, na segunda-feira (15), e as aulas já estão previstas para começar no dia 4 de março. Ao todo, a primeira turma da nova faculdade terá 45 alunos para o curso de engenharia mecânica, com duração de 5 anos. As inscrições estão abertas e assim ficarão até 30 de janeiro. As aulas acontecerão dentro do Senai-RN, no Hub de Inovação e Tecnologia (HIT). O diretor do Senai-RN e da Faeti, Rodrigo Mello, destaca que os professores serão o diferencial do curso.
“Vamos utilizar muitos dos nossos pesquisadores como professores. É uma coisa que a sociedade demanda: ter acesso aos nossos pesquisadores, que são referências no Brasil na área de energias renováveis, além de outros que nós vamos contratar”, afirma. Mello destaca ainda que cursos de pós-graduação serão lançados ao longo de 2024. “Isso vai acontecer durante o ano, deveremos lançar já cursos de pós. No ano seguinte a gente deve lançar mais uma engenharia, que deve ser a elétrica, e com novas turmas da própria engenharia mecânica”, diz.
Entre os professores estão Antônio Medeiros, mestre em ciência e engenharia de materiais e coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento do ISI; Mariana Torres, doutora em geografia; Leonardo Medeiros, engenheiro mecânico com especialização em CFD e energia eólica; Hudson Resende, mestre em engenharia elétrica; e Marcus Eduardo Dantas, mestre em engenharia de produção.
O presidente da Fiern, Roberto Serquiz, acrescenta que o alto nível da produção de conhecimento, com a integração entre Centro e Faculdade, evidencia o RN como uma referência internacional. “Neste cenário promissor, foi planejada a Faculdade, uma escola em nível superior que tornará a atividade energia renovável cada vez mais avançada em nosso Estado e no País”, diz. Serquiz destaca também a abertura de novas oportunidades com outros países. “O Centro faz intercâmbio para pesquisas com empresas e instituições de diferentes países, nos quais há estudos avançados na área de energias. Temos alunos e professores no Reino Unido, Canadá, Itália, Alemanha e isso significa troca de conhecimentos”, completa.
CTGAS incorporou renováveis em 2009
O Centro de Tecnologias do Gás (CTGAS) foi viabilizado para o RN durante a gestão do ex-senador Fernando Bezerra na presidência da Confederação Nacional da Indústria e passou a funcionar efetivamente em 2002. A virada de chave, lembra Cândida Aragão, que foi diretora-executiva do CTGAS, ocorreu em 2009, com a inclusão das energias renováveis no escopo do Centro, que passou a se chamar CTGAS-ER e hoje é referência nacional de formação profissional, inovação e pesquisa aplicada para a atividade, integrado ao Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) e, a partir de agora, também à Faeti.
“Foi uma importante mudança. À época, o então presidente da Fiern, Flávio Azevedo, que também estava no Conselho Superior do CTGAS, conseguiu convencer a Petrobras, no âmbito da parceria, com a visão estratégica dele, de mercado, da importância de se desenvolver tecnologias e incentivar a educação profissional de qualidade para o mercado de energias renováveis. Então todo esse movimento, do potencial de energias do RN que nós conhecemos hoje teve um passo importante nesse momento. Com essa proposta dele, incluíram as energias renováveis no CTGAS. Foi o alicerce para a Faeti”, conta.
Flávio Azevedo, que presidiu o Sistema Fiern de 2003 a 2011 e estimulou a entrada das renováveis no Centro de Tecnologias, afirma que o lançamento da Faeti é uma grande conquista para o desenvolvimento do Rio Grande do Norte. “A primeira Faculdade de Energias Renováveis do País é um marco importantíssimo para o nosso Estado. A capacidade que nós temos de geração de emprego e renda é enorme. Nesses 20 anos, nós evoluímos muito e isso só foi possível com investimento em educação e tecnologia. Nesse sentido, a Faeti cumpre um papel crucial para continuar crescendo como referência no Brasil e no Mundo”, diz. Evolução essa que é comprovada em números – e foi pavimentada também nas gestões seguintes da Fiern, com o ex-presidente, Amaro Sales.
Para se ter uma ideia, no primeiro parque eólico do Estado, inaugurado no ano de 2006 em Rio do Fogo, um aerogerador tinha uma capacidade de 0,8 MW. Atualmente, o menor aerogerador em atividade em operação possui uma capacidade de geração de 2,5 MW. Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o RN possui 9,1 GW de potência fiscalizada, à frente da Bahia, que possui 8,6 GW. A energia gerada no RN representa 31,67% da produção nacional. Na geração solar, o RN ocupa a 7ª posição nacional com uma potência de 560.513 KW.
Conheça mais sobre a Faeti
A Faculdade de Energias Renováveis e Tecnologia Industrial (Faeti) está com inscrições abertas até 30 de janeiro. O ingresso terá diferentes portas de entrada, podendo ser por meio da nota do Enem ou vestibular próprio. A mensalidade será de R$ 1.549,66, com política de descontos prevista de acordo com o perfil dos candidatos. Ao todo, serão ofertadas 45 vagas para a primeira turma, sendo 16 para ampla concorrência (via nota do Enem ou vestibular); 20 para candidatos vinculados a empresas industriais, 4 para ex-alunos do Sesi e 5 para colaboradores ou familiares de colaboradores do
Senai-RN.
Confira outras informações:
Modalidade: Presencial
Início: Março/2024
Natureza: Bacharelado
Titulação: Engenheiro Mecânico
Carga horária: 4.380 horas
Regime: Semestral
Duração: 10 semestres (5 anos)
Turno: Noturno
Os componentes curriculares podem ser conferidos no Guia do Candidato, disponível em faeti.rn.senai.br.
Fonte: Tribuna do Norte.