Fontes renováveis de energia podem quebrar recorde em 2022, diz relatório

Análise feita pela Agência Internacional de Energia mostra as expectativas para o uso de energias renováveis em 2022 e 2023.

Fontes renováveis de energia podem quebrar recorde em 2022, diz relatório

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Em 2021, em plena pandemia, a capacidade de gerar eletricidade a partir de energia solar, eólica e de outras fontes renováveis ​​atingiu um nível recorde. Segundo um relatório da Agência Internacional de Energia, espera-se que, em 2022, essa capacidade aumente à medida que os governos busquem aproveitar a segurança energética e os benefícios climáticos das energias renováveis.

Neste ano, as adições de capacidade global de energia renovável devem aumentar para 320 gigawatts, o equivalente a uma quantidade que atenderia toda a demanda de eletricidade da Alemanha ou se igualaria à geração total de eletricidade da União Europeia a partir de gás natural. Em termos de comparação, em 2021, houve um recorde de 295 gigawatts de capacidade desse tipo de energia. De acordo com a última atualização do mercado de energia renovável, a nova marca superou os desafios da cadeia de suprimentos, atrasos na construção e altos preços das matérias-primas.

Somente na União Europeia, houve um aumento de uso de energia renovável de quase 30% para 36% gigawatts em 2021, o que supera o recorde anterior do bloco de 35 gigawatts de uma década. A capacidade adicional do uso de fontes renováveis, em 2022 e 2023, tem o potencial de reduzir significativamente a dependência do gás russo no setor de energia.

Medidas para mudança

A contribuição dependerá do sucesso de medidas paralelas de eficiência energética para manter sob controle a demanda energética da região.

“Os desenvolvimentos do mercado de energia nos últimos meses – especialmente na Europa – provaram mais uma vez o papel essencial das energias renováveis ​​na melhoria da segurança energética, além de sua eficácia bem estabelecida na redução de emissões”, disse Fatih Birol, diretor executivo da Agência Internacional de Energia, em comunicado.

De acordo com Birol, para uma implantação mais rápida com intuito de enfrentar desafios atuais de segurança energética e do mercado, é necessário que ocorra uma redução da burocracia e aceleração de permissões e fornecimentos de incentivos. Assim, haveria a possibilidade de alcançar novos objetivos climáticos internacionais.

Até 2022, o crescimento de energias renováveis foi mais rápido do que o esperado, ao ser impulsionado por políticas na China, União Europeia e América Latina. As regiões estão compensando o crescimento lento que os Estados Unidos têm apresentado. Isso porque as perspectivas estadunidenses são obscurecidas pela incerteza sobre novos incentivos para energia eólica e solar, bem como ações comerciais contra as importações de energia solar fotovoltaica da China e do Sudeste Asiático.

Embora os mercados de energia estejam enfrentando uma ampla gama de incertezas, o foco reforçado dos governos na segurança e acessibilidade energética, principalmente na Europa, está criando um novo impulso por trás dos esforços para acelerar a implantação de soluções de eficiência energética e tecnologias de energia renovável.

Desafios

O crescimento poderia ser ainda mais rápido se não tivesse a atual cadeia de suprimentos e os desafios logísticos. Tanto que, para o mundo pós-pandemia, espera-se que o custo de instalação de usinas solares fotovoltaicas e eólicas permaneça mais alto do que os níveis pré-pandemia devido aos preços elevados de commodities e frete de quase uma década de custos em declínio. No entanto, eles permanecem competitivos porque os preços do gás natural e de outras alternativas de combustíveis fósseis aumentaram mais rápido.

Com base nas configurações políticas atuais, o crescimento global da energia renovável em 2023 deve perder força e suas perspectivas dependerão da introdução e implementação de políticas novas e mais fortes nos próximos seis meses. Caso isso não ocorra, a quantidade de capacidade de energia renovável global deve se estabilizar em 2023, já que o progresso contínuo da energia solar é compensado por um declínio de 40% na expansão da energia hidrelétrica e pouca mudança nas adições eólicas.

Previsões

O aumento global da capacidade solar fotovoltaica – energia obtida através da conversão direta da luz em eletricidade por meio do efeito fotovoltaico – está perto de quebrar novos recordes neste ano e no próximo com a marca anual de 200 GW que poderá ser atingida em 2023. O crescimento de energia solar na China e na Índia está acelerado, por ser impulsionado pelo apoio político em projetos de grande escala, os quais podem ser concluídos a custos mais baixos do que as alternativas de combustíveis fósseis. Já na União Europeia, é esperado que as instalações, por residências e empresas, de painéis solares nos telhados, ajudem os consumidores a economizar dinheiro à medida que as contas de eletricidade aumentam.

A indústria de energia eólica está enfrentando alguns obstáculos causados por incertezas no ramo da política e em regulamentos de licenciamentos que são complexos e longos. Em 2021, foi registrada uma queda de instalações em 32% em comparação a 2020. No entanto, estima-se que a capacidade eólica se recupere em 2022 e 2023.

As novas adições da capacidade eólica offshore – energia limpa e totalmente renovável – devem cair cerca de 40% globalmente ainda neste ano. Em 2020, esse tipo de energia foi muito impulsionada pela China, que deve ultrapassar a Europa no final de 2022 por apresentar um mercado com maior capacidade eólica offshore do mundo.

Também foi possível observar, em 2021, que a demanda de biocombustíveis se recuperou de suas baixas durante a pandemia, conseguindo atingir mais de 155 bilhões de litros, como o fez em 2019. Especula-se que, se não houvesse a Guerra entre Ucrânia e Rússia, essa demanda deveria continuar aumentando.

Se para 2022, esperava-se um aumento de 5%, em 2023, a expectativa é de 3%. Parte dessas perspectivas negativas são decorrentes da demanda de transportes, uma vez que os biocombustíveis são misturados à gasolina e diesel. Essa demanda, atualmente, passa por um declínio causado por infrações, restrições de mobilidade – ocasionadas pelos embargos chineses por conta da Covid-19 – e pelo lento crescimento econômico global.

Fonte: Galileu

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