País tem recorde de capacidade instalada para geração de energia eólica e solar
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A capacidade instalada de geração de energia por fonte eólica e solar no Brasil está em expansão e, em um ano, de janeiro de 2021 a 2022, registrou um aumento recorde para o período em toda a série histórica.
As informações são do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Em relação ao potencial da quantidade bruta de megawatt (MW), o crescimento foi de 4.942 MW (26,39%), atingindo 23.664 MW de armazenamento instalado para geração de energia através destas fontes renováveis.
Os números incluem geração nos ambientes dos mercados livre e regulado.
A capacidade instalada de geração significa a potência apta que o país tem de gerar energia. Esse dado, porém, é apenas um potencial: depende do grau de acionamento e de condições climáticas favoráveis para uso.
Em 10 anos, de janeiro de 2012 a janeiro de 2022, o aumento da capacidade instalada de fontes eólica e solar no país foi de 2.562%, saindo de apenas 282 MW para os atuais 23.664 MW.
Somente em dezembro de 2021, último mês completo de uso da nova capacidade instalada, o Brasil teve a geração de 8.546 MW através de fontes eólicas e solares, de acordo com o Painel do ONS – energia suficiente para abastecer mais de cinco milhões de casas populares.
Especialistas ouvidos pela CNN, explicaram que, em relação à capacidade instalada, os números são positivos e o crescimento neste último ano foi bastante expressivo.
“A taxa de crescimento é bastante expressiva, alavancado pelos leilões que foram introduzidos e, atualmente, em parte pelo mercado livre. Temos uma capacidade muito grande (eólica e solar) aqui no país”, disse o ex-presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e professor da Coppe/UFRJ, Maurício Tolmasquim.
Tolmasquim explicou que essas fontes contribuem para a segurança energética, principalmente a eólica, que tem um bom potencial de geração, especialmente no Nordeste do país.
“No auge da crise o Nordeste atendeu praticamente todo seu suprimento com energia eólica e com isso pôde exportar o excedente de energia para o Sudeste e Centro-Oeste. Além disso, a geração eólica é mais forte entre maio e novembro, justamente, o período mais seco na região sudeste e nordeste. Um movimento que já vem há algum tempo (em 2001 a hídrica representava 83% da geração total, hoje representa cerca de 63% da geração de energia)”, detalhou.
De acordo com Paulo Cunha, especialista em energia elétrica da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o aumento da capacidade instalada se reflete nas obras que vêm sendo contratadas, em sua maioria, no ambiente de contratação livre.
Para ele, é preciso que haja um aumento do rendimento dos equipamentos de geração, só possível através de esforços e investimentos no desenvolvimento tecnológico.
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Também especialista em energia da FGV, Diogo Lisbona explicou que apesar dos números serem positivos em relação ao que há instalado para geração de energia através de fontes eólica e solar, o Brasil também tem observado a expansão significativa de térmicas nos últimos anos, o que vai na contramão do incremento de fontes renováveis.
“Nos últimos cinco anos, o gás natural respondeu por 50% da energia média contratada nos leilões de expansão. Fora a determinação de contratação de térmicas a gás via lei de capitalização da Eletrobras, e o leilão emergencial ocorrido no ano passado. O resultado é uma expansão a gás natural significativa. Se essa expansão toda sair do papel de fato, o país diminuirá o espaço para expansão renovável nessa década, em um momento crucial de transição energética”, disse.
Para Lisbona, o principal desafio é aproveitar as vantagens comparativas que o país tem e transformá-las em vantagens competitivas.
“Temos muitos recursos disponíveis e um legado de infraestrutura estratégico invejável para o momento de transição energética. No entanto, não estamos sabendo aproveitá-los. As tarifas estão em espiral ascendente há muito tempo, pesando cada vez mais no bolso dos consumidores. As reformas no setor estão morosas e não estão sendo capazes de orientar uma alocação e expansão de recursos mais eficiente. O desafio é grande”, concluiu.
Conforme divulgado pelo ONS, no Plano de Operação Elétrica de Médio Prazo, do Sistema Interligado Nacional (SIN), há a previsão de crescimento percentual classificado como “muito expressivo” da energia solar fotovoltaica no país.
Segundo o operador, o Brasil deverá dobrar sua capacidade instalada até 2025. Atualmente, a fonte é responsável por 2,6% do SIN, oferecendo 4.509 MW.
FONTE: CNN