A capacidade de energia renovável adicionada aos sistemas energéticos do planeta cresceu quase 50% em 2023, na comparação com 2022, aponta relatório da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) divulgado nesta quinta-feira (11).
As energias renováveis são fontes não poluidoras de energia, como a solar, eólica, hidrelétrica e geotérmica. O objetivo é que elas venham a substituir o uso dos combustíveis fósseis (petróleo, carvão mineral e gás natural), responsáveis pelo agravamento da crise climática.
O índice mostra o crescimento mais acelerado já registado nos últimos 20 anos e aproxima o mundo de cumprir a meta global proposta na COP 28, realizada no ano passado, que é de triplicar a capacidade de energia renovável em nível mundial até 2030. (Veja aqui as metas da COP28.)
O aumento foi puxado pela expansão da energia solar fotovoltaica (gerada pela luz do sol), principalmente na China. O papel da China é crucial para atingir a meta nesse prazo.
Além disso, a capacidade de energia renovável em 2023 atingiu níveis máximos históricos no Brasil, na Europa e nos Estados Unidos.
O Brasil e os biocombustíveis
O Brasil se destaca na produção de biocombustíveis. O documento da IEA calcula que o país deverá responder por 40% da expansão dos biocombustíveis até 2028.
A partir dos dados de 2023, a agência prevê que esse modelo energético ultrapasse o carvão como maior fonte de produção de eletricidade, na média global, até o início de 2025. Com base nessa estimativa, até 2030, a capacidade renovável global deve crescer duas vezes e meia.
Ainda não é suficiente para alcançar o objetivo da COP 28 de triplicar as energias renováveis, mas nós estamos nos aproximando – e os governos têm as ferramentas necessárias para chegarmos lá.
— Fatih Birol, diretor-executivo da IEA
Entre os desafios citados pela agência está o cenário macroeconômico mundial. Países emergentes, por exemplo, podem enfrentar dificuldades para concentrar investimentos em infraestrutura de rede em um ambiente econômico frágil e de incerteza política.
“Na ausência de qualquer ajuda aos países africanos e de baixos rendimentos na Ásia e na América Latina, estes não serão capazes de atingir as suas metas de energia limpa. Essa será uma falha no alcance da meta de 2030”, afirmou Fatih Birol, em entrevista à agência Reuters.
Esse era um ponto de atenção citado no relatório da COP 28. Apesar disso, a organização acrescenta que as centrais de energia eólica terrestre (gerada pela força do vento) e solar fotovoltaica já se tornaram mais baratas que as centrais de combustíveis fósseis novas ou existentes na maioria dos países.
Planeta mais quente
Nesta semana, o observatório europeu Copernicus confirmou o que os cientistas já vinham alertando: o ano de 2023, que teve temperaturas em níveis recordes, foi o mais quente já registrado nos últimos 100 mil anos.
O planeta ficou em média 1,48°C acima do nível pré-industrial (estabelecido entre 1850 e 1900), muito perto de 1,5ºC, o chamado “limite seguro”.
Esse limite foi definido no Acordo de Paris para ser alcançado até o final do século, e a previsão inicial era a de que não seria atingido antes de 2030. No entanto, o aumento contínuo das emissões de gases de efeito estufa tem acelerado esse processo.
2023 foi um ano excepcional com recordes climáticos caindo como dominós. Não apenas 2023 foi o ano mais quente registrado, como é o primeiro ano com dias 1°C mais quentes do que a era pré-industrial. As temperaturas em 2023 provavelmente foram as mais altas ao menos nos últimos 100 mil anos.
— Samantha Burgess, vice-diretora do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus da União Europeia
A explicação para a comparação com os 100 mil anos está na paleoclimatologia. São usados métodos que permitem estimar a temperatura de determinada época com a simulação do comportamento da atmosfera para climas passados.
Fonte: G1.