A energia eólica e solar representaram um recorde de 24% do mix de eletricidade da União Europeia desde que a Rússia lançou sua guerra contra a Ucrânia, diz um novo relatório, um impulso que também ajudou o bloco a combater a inflação crescente.

O crescimento da capacidade de energia renovável economizou ao bloco de 27 países R$ 514,5 bilhões em importações de gás evitadas entre março e setembro, o que representa R$ 57,1 bilhões a mais em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo ao relatório publicado pelos think tanks climáticos E3G e Ember.

O impulso nas energias renováveis ​​ocorre quando a Europa tenta se livrar do gás russo, enquanto Moscou reduz, e até corta, o fornecimento de energia das nações europeias para ganhar vantagem no conflito. A guerra forçou a UE a enfrentar sua dispendiosa dependência do gás russo, que em 2020 representou 41% das importações de combustível fóssil da UE.

Dezenove dos 27 estados membros da UE alcançaram recorde de geração eólica e solar desde março, segundo o relatório.

A Polônia teve o maior aumento percentual ano a ano de 48,5%, enquanto a Espanha registrou o maior aumento absoluto de geração com 7,4 terawatts-hora (TWh). Somente a geração renovável da Espanha evitou R$ 8,8 bilhões em custos de gás importado.

Os think tanks alertaram, no entanto, que ainda há um longo caminho a percorrer para alcançar o potencial de energias renováveis ​​do bloco. Gás fóssil ainda produzido cerca de 20% da eletricidade da UE no mesmo período, a um custo de cerca de R$ 426,2 bilhões.

“A energia eólica e solar já estão ajudando os cidadãos europeus”, disse Chris Rosslowe, analista sênior da Ember, em comunicado. “Mas o potencial futuro é ainda maior.”

“Mais energias renováveis, menos inflação”
A energia eólica e solar geraram 345 TWh de eletricidade em toda a UE de março a setembro deste ano – um aumento recorde de 13% em relação ao ano anterior.

A capacidade renovável total teria sido muito maior se a hidroeletricidade não tivesse caído 21% devido às secas neste verão, que os cientistas dizem ter sido agravadas pela crise climática causada pelo homem. A mensagem principal do relatório é simplesmente: “Mais energias renováveis, menos inflação”.

No entanto, os preços da energia na Europa ainda são altos. As restrições de gás da Rússia à Europa resultaram nos “maiores choques inflacionários na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, superando a crise do petróleo na década de 1970”, disse o relatório.

Em setembro de 2022, os custos de energia aumentaram 40,8% em relação ao ano passado, representando 36% dos números gerais de inflação da UE. A mensagem principal do relatório é simplesmente: “Mais energias renováveis, menos inflação”.

No entanto, os preços da energia na Europa ainda são altos. As restrições de gás da Rússia à Europa resultaram nos “maiores choques inflacionários na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, superando a crise do petróleo na década de 1970”, disse o relatório.

Alguns países da UE anunciaram pacotes de apoio fiscal no valor de centenas de bilhões de dólares para tentar limitar essa inflação, em grande parte subsidiando o uso de combustíveis fósseis para aquecimento – mas muitas empresas e famílias ainda ficam com contas que não podem pagar.

O relatório adverte que os governos não serão capazes de sustentar programas tão caros “para compensar os altos preços da energia fóssil por um longo período de tempo”.

A UE conseguiu encher seus contêineres de armazenamento de gás para passar o inverno, mas foram levantadas questões sobre como o bloco preencherá a lacuna na próxima estação de aquecimento. Segundo os autores do relatório, isso torna “ainda mais importante agora mudar o foco para medidas que vão além do inverno 2022/23”.

O aumento das energias renováveis ​​seguiu a proposta “RePowerEU” da Comissão Europeia em maio, que aumentou a meta de energias renováveis ​​de 40% do mix total de energia até 2030 para 45%.

Fonte: CNN Brasil