Armazenamento de energia pode movimentar R$ 22,5 bi no Brasil até 2030

Demanda por componentes para sistemas com baterias cresceu 89% no país no ano passado, mostra estudo da Greener

A demanda por componentes para sistemas de armazenamento de energia (BEES) cresceu 89% no Brasil em 2024, mostra estudo da Greener. Conforme a consultoria, grande parte desses sistemas deve ser instalada ainda em 2025. A estimativa é que o mercado de armazenamento com baterias junto ao consumidor movimente mais de R$ 22,5 bilhões em investimentos até 2030.

O levantamento mostra que, até 2024, o país acumulou 685 MWh de capacidade instalada, sendo que 70% do armazenamento atende a sistemas isolados. Somente no último ano, foram 269 MWh adicionados, um crescimento de 29% frente ao registro de 2023.

Também foi apurado pelo estudo que a confiabilidade é o principal motivador para a instalação de sistemas de armazenamento no Brasil, tendo em vista que as frequentes quedas de energia e interrupções prolongadas no fornecimento de eletricidade resultam em grandes prejuízos.

No cenário global, o mercado de armazenamento de energia a bateria deve ultrapassar os 760 GW de potência instalada até 2030, liderado por China e Estados Unidos, especialmente em aplicações de utilities.

O país asiático também está à frente das aplicações atrás do medidor, ao lado de Alemanha e Itália. América Latina e Pacífico, a despeito da ampliação de investimentos, ainda enfrentam barreiras regulatórias e altos custos de capital que inviabilizam um crescimento mais robusto.

O CEO da Greener, Marcio Takata, avalia que o mercado de armazenamento é peça-chave para a transição energética no Brasil, permitindo a integração de fontes renováveis à matriz elétrica e possibilitando maior estabilidade do sistema.

“Como oportunidade de atenuar desafios como curtailment e inversão de fluxo, esse é um mercado que continua avançando, impulsionado pelo aumento da demanda e preços mais competitivos”, destacou o executivo.

“Teremos também a realização do Leilão de Reserva de Capacidade de Armazenamento, previsto para este ano, que deve abrir as portas para novos investimentos em projetos de grande porte no país”, afirmou Takata.

Economia de R$ 900 bilhões
De acordo com a Associação Brasileira de Soluções de Armazenamento de Energia (ABSAE), a adoção de baterias e outras tecnologias de armazenamento poderia gerar uma economia anual de até R$ 900 milhões por cada gigawatt de potência de baterias implantadas no setor elétrico.

Essa redução de custos está associada à otimização do uso de fontes renováveis e à diminuição da dependência de termelétricas. Conforme a entidade o mercado brasileiro de armazenamento de energia elétrica tem o potencial de atrair mais de R$ 44 bilhões em investimentos até 2030.

Desse montante, cerca de R$ 14 bilhões seriam destinados a soluções off-grid em comunidades isoladas, especialmente na região amazônica, enquanto outros R$ 14 bilhões seriam direcionados a soluções behind-the-meter (BTM) para consumidores que buscam reduzir custos e participar de programas de resposta à demanda.

Além disso, aproximadamente R$ 16 bilhões poderiam ser investidos em soluções in-front-of-the-meter (FTM), principalmente por meio de leilões públicos de Reserva de Capacidade. O presidente da ABSAE, Markus Vlasits, destaca a importância de um marco regulatório para viabilizar esses investimentos.

“A falta de um marco regulatório é a maior incerteza do setor, trazendo dúvidas sobre tarifas de uso do sistema, regimes de outorga e fontes de receitas”. Vlasits enfatiza que avanços na estrutura tarifária e maior participação do consumidor, como programas de resposta à demanda, são passos decisivos para consolidar as múltiplas aplicações do armazenamento no Brasil.

Fonte: Portal Solar

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