Com 342 usinas em operação, e um investimento estimado em R$ 50 bilhões, a Bahia atingiu este ano o marco de 10 gigawatts de potência outorgada em energias renováveis. A título de comparação, o volume representa 71% da potência instalada de Itaipu, a maior hidrelétrica do país. Além de atrair investimentos que garantem a segurança energética do país, os ventos e a luz solar também levam para o interior do estado grandes empresas, que movimentam a economia e impactam positivamente realidades locais.
Foram os bons ventos que fizeram a Unipar entrar como sócia de um projeto para a geração de energia renovável em Tucano, no interior do estado. “Para nós, o interior da Bahia é sinônimo de ESG (sustentabilidade ambiental, social e de gestão), afirma Sergio Santos, gerente executivo de Relações Institucionais na Unipar. “A Bahia tem uma vantagem competitiva pelos fatores que colocam a região como adequada para empreendimentos para a geração de energia, que é uma frente importante quando falamos de sustentabilidade”, avalia.
“Estamos atuando em regiões carentes de investimentos e quando se coloca um investimento como nós colocamos, para construção de um parque eólico, isso alavanca a atividade econômica local”, destaca.
Além de ser sustentável ambientalmente e socialmente, o projeto representa uma importante frente de atuação financeira, acrescenta Sergio. “Quando a gente produz a própria energia, temos a isenção de alguns encargos”, explica.
Entre a sociedade de 50% no parque eólico em Tucano, e de 100% na construção de uma fábrica no Polo Industrial de Camaçari, que será a primeira do grupo fora de São Paulo, a Unipar totaliza atualmente R$ 534 milhões investidos na Bahia.
A qualidade dos ventos é o que também fez a Braskem investir em energia renovável na Bahia. A empresa petroquímica possui um contrato de compra de eletricidade de um parque já em funcionamento da EDF, em Campo Formoso. Além disso, a empresa já assinou o contrato para a aquisição da energia que será produzida em Urandi, no Centro-Sul baiano.
Robson Casali, gerente de desenvolvimento de negócios de energia da Braskem, explica que a petroquímica opta por investimentos através de parcerias com .empresas aptas a implementar projetos para geração de energia eólica e solar.
“O que explica estes investimentos acontecerem no estado são justamente as condições favoráveis. Não existe obrigação ou determinação para que seja na Bahia. É claro que ficamos felizes por ser, mas é por mérito dos projetos mesmo”, explica Casali.
Casali acredita que o potencial baiano para geração de energias renováveis deve atrair para o estado um número cada vez maior de investimentos. “A geração renovável é fundamental. Vivemos no Brasil e temos a benesse de ter uma matriz renovável. Quando saímos pelo mundo e vemos nossas outras operações, percebemos a dificuldade de termos uma matriz mais limpa fora daqui”, compara.
“É importante pensar que a energia renovável traz uma perspectiva nova para áreas que hoje tem pouquíssimas, ou até nenhuma perspectiva. Quando a gente pensa em eólica na Bahia, normalmente estamos falando em altos de serras, que não são usadas para a produção agrícola”, completa
Outro aspecto que fomenta o desenvolvimento está no modelo de arrendamento utilizado em grande parte dos projetos para geração de energia. “O arrendamento das propriedades estabelece uma geração de renda de longo prazo para os proprietários e posseiros de terra, sem a obrigatoriedade de sua relocação das propriedades, o que possibilita a coexistência da nova atividade com as tradicionalmente existentes”, explica Ney Maron, sócio-fundador da Maron Consultoria.
Maron explica que a chegada dos projetos ao interior movimenta uma enorme cadeia de serviços, que vão desde manutenção mecânica, hotelaria, restaurantes e locadoras de veículo, entre outras atividades.
O consultor diz que hoje um dos principais desafios para o processo de expansão do mercado de energia renovável está na falta de crescimento econômico do país.
Pedro Lima Neto, superintendente do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) na Bahia conta que a instituição tem participado do financiamento de diversos projetos na área de energia no estado. “É uma atividade que gera um impacto positivo imenso”, garante. Segundo ele, há uma forte pegada de sustentabilidade nos projetos que são apoiados pelo banco.
O Projeto Bahia Forte é uma realização do Jornal Correio com patrocínio da Unipar, Neoenergia e Fazenda Progresso, apoio de Wilson Sons e Braskem.
Fonte: Jornal Correio