Importações brasileiras de painéis solares devem atingir 22 GW em 2024

Até outubro, volume de equipamentos nacionalizados já havia superado o total registrado no ano passado, mostra levantamento da Greener

As importações de painéis solares do Brasil devem atingir volume de 22 GW ao final de 2024, mostra levantamento da consultoria Greener. Conforme o estudo, em outubro o montante já havia superado o resultado total de 2023, com 18 GW em equipamentos nacionalizados.

A Greener destacou que o mercado de geração distribuída (GD) mostrou sinais de recuperação após a desaceleração de 2023, registrando crescimento no volume de instalações. A queda nos custos dos módulos no primeiro semestre, somada às melhores condições de financiamento bancário, que apoiou 51% das vendas, impulsionaram uma retomada de crescimento na classe de consumo residencial.

A consultoria ressaltou que, apesar dos avanços, o setor enfrentou desafios relevantes, como as reprovações de orçamentos de conexão por alegação de inversão de fluxo. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) publicou a Resolução Normativa nº 1098/2024, isentando a análise de inversão de fluxo em três situações específicas.

No entanto, o setor ainda aguarda definições mais amplas relacionadas ao Projeto de Lei nº 624/2023, que pode aprimorar a legislação e reduzir restrições indevidas à injeção de energia. Outro ponto de atenção foi o aumento da alíquota de importação de módulos, de 9,6% para 25%, anunciado em novembro pelo governo.

“O ano de 2024 marcou uma recuperação significativa nas vendas de sistemas fotovoltaicos. A redução no preço final atraiu investidores, mas também intensificou a concorrência entre integradores, desafiando-os a equilibrar preço competitivo e qualidade”, declarou o analista de inteligência de mercado da Greener, João Gabriel.

“Para 2025, muitos integradores devem investir em novas tecnologias, como sistemas híbridos e carregadores de veículos elétricos, ampliando seu portfólio para explorar novos nichos e diversificar suas oportunidades, além do modelo tradicional, fortalecendo sua posição em um mercado cada vez mais exigente e dinâmico”, acrescentou o especialista.

O levantamento indica que a GD remota atingiu 8,7 GW de capacidade instalada total, com 1,6 GW adicionados ao longo de 2024. A avaliação é de que esse crescimento foi impulsionado pela crescente adesão dos consumidores aos benefícios da energia solar sem a necessidade de instalação de sistemas fotovoltaicos no local de consumo, especialmente nos segmentos de varejo e serviços. O modelo de autoconsumo remoto e o compartilhamento de créditos, com a intermediação de gestoras, ganhou ainda mais força.

Geração centralizada

O setor de geração solar centralizada adicionou 6 GW ao longo do ano, totalizando quase 17 GW no fechamento do período, resultado de PPAs contratados há 2 e 3 anos. No entanto, o cenário não foi isento de desafios, principalmente devido ao Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), que apesar da recente volatilidade, permaneceu em baixa durante grande parte do ano, afetando a rentabilidade dos contratos bilaterais (PPAs).

Além disso, a queda dos ex-tarifários e o aumento do Imposto de Importação dos módulos fotovoltaicos impactam o CAPEX e elevam os custos de capital dos projetos. O fenômeno do Curtailment/Constrained-Off também gerou perdas para os proprietários de usinas, afetando a produção e a receita esperada.

Por outro lado, a liberação parcial da margem de escoamento com o “Dia do Perdão” e com os leilões de transmissão ao longo do ano foram positivos para os desafios de conexão ao sistema elétrico, com resultados esperados a partir de 2027.

A Medida Provisória nº 1.212, que estendeu o prazo para obtenção dos benefícios ligados à Tarifa do Uso do Sistema (TUST/TUSD) também merece destaque. Além disso, a evolução do Ambiente de Contratação Livre (ACL) e o crescimento da autoprodução abrem novos horizontes.

“Em 2025, a geração centralizada deverá ser impactada pelos desafios enfrentados em 2024. Por outro lado, o setor deverá ser impulsionado pela crescente demanda de data centers e grandes consumidores industriais, que estão cada vez mais investindo em autoprodução no mercado livre de energia”, apontou a supervisora de estudos da Greener, Heloísa Burin.

“Além disso, a expansão de usinas híbridas solar-eólica deverá otimizar o uso da infraestrutura de transmissão. Uma tendência para 2025 será o avanço nas discussões sobre armazenamento em baterias, como o Leilão de Reserva de Capacidade, que podem contribuir para a mitigação do constrained-off e para a melhoria da estabilidade da rede elétrica”, finalizou a especialista.

Fonte: Portal Solar

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