O Rio Grande do Norte acaba de ganhar uma usina fotovoltaica piloto para estudar os impactos de eventos extremos na geração de energia solar. A estrutura foi inaugurada nesta segunda-feira (14) e é fruto de um acordo de cooperação firmado entre o Instituto Senai de Inovação e Energias Renováveis (ISI-ER) e a empresa TotalEnergies. O investimento é de R$ 5,4 milhões para pesquisas com 380 módulos solares de diferentes tecnologias, instalados em uma área de 4,4 mil metros quadrados (equivalente a mais da metade de um campo de futebol). O início da operação está previsto para o segundo semestre deste ano.
A capacidade de geração de energia instalada é de 200 kilowatt-pico (kWp). O projeto tem o envolvimento de 17 pesquisadores e financiamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Rodrigo Mello, diretor do Senai-RN e do ISI-ER,explica que a usina é formada por uma estação meteorológica de última geração. “É uma planta com cinco módulos fotovoltaicos capazes de comparar o desempenho dos diversos tipos de instalações voltadas à geração de energia de fonte solar. Nós temos uma estação meteorológica que vai poder comparar permanentemente o desempenho da planta com as condições de radiação local”, explicou.
“Outro ponto forte é o laboratório, onde é possível fazer calibrações permanentes e análises do desempenho dos equipamentos. É uma usina piloto de geração em condições reais, ligadas à rede aqui dentro da nossa instalação”, complementou Rodrigo Mello. A estrutura está instalada no ISI-ER, em Natal. Um dos fenômenos que serão investigados, a irradiância, tem afetado grandes usinas de geração pelo País. Com os estudos na usina recém-inaugurada, a equipe de pesquisadores quer entender, ainda, se e como os sistemas menores são impactados.
Samira Azevedo, pesquisadora líder do Laboratório de Energia Solar do ISI-ER, estuda o fenômeno desde 2012, quando chegou ao Senai. “Naquela época, nós não entendíamos se esse tipo de evento [a irradiância] poderia causar algum dano às usinas fotovoltaicas, mas, a verdade é que, apesar de ocorrer em alguns minutos, quando a irradiância é muito intensa, é bastante provável que equipamentos sejam danificados”, detalha.
A irradiância ocorre quando, após a passagem das nuvens, os raios solares se concentram em uma área específica da usina fotovoltaica, com efeito semelhante ao de uma lente de aumento. O superaquecimento (geração de pontos quentes) de equipamentos em razão do fenômeno pode comprometer a confiabilidade da geração de energia, uma vez que esses itens correm o risco de ter algum dano.
Com o avanço das pesquisas, o projeto quer responder questões como a frequência do evento, em que época ele é mais comum e que consequências traz ao setor fotovoltaico. “Em primeira mão, essas informações serão entregues à TotalEnergies para que, a partir daí, sejam disseminadas ao mercado”, afirma Rodrigo Mello, do Senai.
A infraestrutura da usina é composta por módulos monofaciais e bifaciais com tecnologias diferentes que permitem análises comparativas em diversas condições. Do mesmo modo e com o mesmo objetivo, os tipos de inversores também variam. O desempenho dos módulos será analisado durante e após a instalação, algo raramente realizado em projetos comerciais.
Fonte: Tribuna do Norte