Empreender na energia solar é acreditar na diversidade?

Participação das mulheres no setor de energia solar fotovoltaica no Brasil.

O setor de energia solar fotovoltaica teve crescimento recorde neste primeiro semestre de 2021 no Brasil [1] e, segundo o Plano Decenal de Expansão de Energia 2030 da EPE [2], as perspectivas são de que a capacidade instalada triplique nos próximos 10 anos. Recentemente, em agosto de 2021, foi aprovado pela Câmara dos Deputados o marco legal (PL 5829/2019) que visa segurança jurídica e regulatória para o crescimento sustentável do setor elétrico brasileiro, no que tange micro e minigeradores de energia elétrica [3], que seguirá para apreciação do Senado Federal. Além disso, a energia solar representa 90,4% da geração distribuída [4] no Brasil, o que evidencia o recente aumento das oportunidades de trabalho no setor e a perspectiva de ampliação nos próximos anos. Porém, a participação das mulheres no setor de energia solar no Brasil não cresce na mesma proporção do mercado de tecnologia fotovoltaica, aliás, há uma tendência de queda da participação feminina (Figura 1) [5]. Este fato pode ser justificado pelo preenchimento majoritário por homens, dos novos postos do mercado de trabalho.

Figura 1 - Participação por gênero no setor de energia solar no Brasil. Fonte [5].

A partir desta reflexão surge o questionamento: o aumento da diversidade é economicamente vantajoso para o setor de energia solar no Brasil?
Sim, porque somente com a diversidade teremos mais lucratividade econômica e soluções inteligentes. O Instituto Global McKinsey [6] revela que US $ 12 trilhões podem ser adicionados ao PIB global até 2025 com o avanço da igualdade das mulheres nos postos de trabalho. Pois, se mulheres, que representam metade da população mundial em idade ativa, não atingirem seu potencial econômico completo, a economia global sofrerá. Em outro estudo da McKsinsey [7], em que foram analisadas 366 empresas de diferentes setores do Canadá, América Latina, Reino Unido e Estados Unidos, as empresas no quartil superior em diversidade de gênero têm 15% mais probabilidade de obter retorno financeiro acima de suas respectivas medianas da indústria nacional.
No entanto, no ano de 2020, no Brasil, o estudo realizado pela Greener [8], em que foram entrevistadas 685 empresas do setor de energia solar fotovoltaica, constatou que 40% das empresas respondentes não possuem mulheres em seu quadro de funcionários. E, considerando apenas as empresas que possuem funcionárias mulheres, quando avaliadas as áreas de atuação destas mulheres, apenas 15% atuam em áreas técnicas (Figura 2). Os resultados deste estudo indicam que as empresas brasileiras estão na contramão do que se considera como soluções inteligentes, pois a diversidade permite que surjam um “dividendo de inovação”, o que converge em equipes mais inteligentes e criativas, abrindo a porta para novas descobertas e soluções ao ampliar os pontos de vista [9].

Figura 2 - Áreas ocupadas por mulheres no setor de energia solar no Brasil. Fonte [10].

O setor de energia solar será mais efetivo a partir do momento que oportunizar mais empregos para mulheres?
Infelizmente a resposta não é tão simples, pois não “só” necessitamos que mulheres se insiram neste setor. Necessitamos, também, que permaneçam nele. Esse é um dos principais desafios encontrados pelas mulheres que trabalham no setor de energia solar no Brasil. Esta constatação é apresentada no estudo inédito realizado recentemente [10] pelo C40 Cities Finance Facility, em parceria com a Rede Brasileira de Mulheres na Energia Solar, com a Câmara de Comércio-Brasil Alemanha e com a GIZ (Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit). Neste estudo, 250 mulheres que atuam no setor de aplicação da energia solar participaram. Nesta pesquisa, foi verificado que a falta de reconhecimento, o preconceito e o machismo são as principais barreiras enfrentadas. Logo, eliminar estes obstáculos e promover um ambiente de respeito se torna fundamental para que as mulheres se mantenham no setor.
As informações aqui apresentadas demonstram, através de dados, e não de opiniões, que se tivermos um setor de energia solar mais diverso, construiremos um segmento mais eficiente, lucrativo e que aproveita todo o seu potencial de crescimento e inovação. Além disso, estaremos em consonância com a busca de uma transição energética efetiva, que contemple todas as formas de diversificação e sustentabilidade.

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