Os Eventos do Setor de Energia Apostam no Brasil como Protagonista para a Transição Energética

Nos dias 11, 12 e 13 de maio ocorreu em Munique o “The Smarth E Europe”, a mais importante feira de energias renováveis.

No último mês de maio ocorreram dois grandes eventos na área de energia solar, e aqui serão apresentados e discutidos os principais tópicos mostrados. E também como o Brasil se destaca neste panorama, e assume o protagonismo no setor de energia para o mundo.

Quatro conferências de Energia em um só Evento: The Smarter E Europe

Nos dias 11, 12 e 13 de maio ocorreu em Munique o “The Smarter E Europe”, a mais importante feira de energias renováveis. O evento reuniu mais de 50.000 pessoas, e foi o maior até hoje da história. A COP 26 em Glasgow no ano passado reuniu em torno de 35.000 pessoas. Neste evento quatro conferências ocorreram simultaneamente (Figura 1): Intersolar Europe Conference, ees Europe Conference, Power2Drive Europe Conference e EM-Power Europe Conference, ou seja, a energia solar fotovoltaica, a gestão de energia, a eletromobilidade e o hidrogênio verde foram amplamente discutidos. A exposição estava dividida em oito pavilhões, e seis destes eram para a energia solar (Intersolar), evidenciando o cenário atual do crescimento da implementação da energia solar no mundo. A surpresa foi ter muitas empresas europeias ali buscando novamente o seu espaço no setor, ou seja, desde que as fábricas migraram para a Ásia (a partir de 2009) era notório a pouca participação destas empresas europeias nestes eventos. A Europa está com fortes incentivos governamentais para a retomada das indústrias de energia solar fotovoltaica nos países europeus, pois a guerra da Rússia com a Ucrânia corroborou com a necessidade da busca da independência energética. Nos discursos da abertura do evento, os organizadores demonstraram que as apostas para o futuro da energia na Europa são em 1º lugar a Eficiência Energética, em 2º lugar as Energias Renováveis e em 3º lugar o Hidrogênio Verde.

Figura 1. Evento “The Smarter E” em Munique com 12 pavilhões de exposição.

Dentro deste grande evento ocorreu paralelamente o encontro “Energizing Women to Advance the Energy Transition” organizado pela Global Women’s Network for the Energy Transition (GWNET) para doze Redes de Mulheres que trabalham pela busca da equidade de gênero nas energias renováveis (Figura 2). A Rede Brasileira de Mulheres na Energia Solar foi convidada a participar junto com outras onze Redes representadas pelos seguintes países: Chile, Etiópia, Alemanha, Índia, México, Paquistão, Ruanda, África do Sul, Turquia, Ucrânia e uma que representa a união entre Europa e África (Figura 3). Neste encontro cada Rede compartilhou suas principais experiências e ações, e como entre todas pode-se avançar pela equidade de gênero e transição energética. O evento finalizou com a presença de diversas autoridades internacionais, como Ellen Von Zitzewitz que é a Diretora Adjunta do Departamento de Cooperação Internacional em Energia do Ministério Federal de Assuntos Econômicos e Energia.

Figura 2. Reunião de doze Redes de Mulheres que buscam a equidade de gênero na transição energética.

Também ocorreu a conferência intitulada “Women Energize Women” (Figura 3), onde diversas mulheres palestraram sobre energias renováveis, hidrogênio verde, políticas públicas para o avanço da transição energética e de equidade de gênero. Esta conferência é um projeto do Ministério Federal de Assuntos Econômicos e Ação Climática (BMWK) e é implementado pela Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) e a Federação Alemã de Energias Renováveis (BEE) em cooperação com The smarter E Europe e BSW Solar no âmbito das Parcerias e Diálogos Bilaterais de Energia. Foi salientado na conferência que não há como construir a transição energética sem incluir as mulheres nestas discussões.

Figura 3. Representantes das doze Redes de Mulheres que trabalham pela equidade de gênero em 11 países distinto no encontro organizado pela GWNET e Conferência “Women Energize Women” que reuniu mulheres de diversos países para discutir a transição energética.
Figura 4. The Smarter E Europe

IX Congresso Brasileiro de Energia Solar

O Congresso Brasileiro de Energia Solar, evento bienal, ocorreu entre os dias 23 a 27 de maio em Florianópolis, e reuniu em torno de 400 pessoas sob a organização da Associação Brasileira de Energia Solar (ABENS). O objetivo do congresso é apresentar o estado da arte do desenvolvimento científico e tecnológico da conversão de energia solar, em particular no Brasil, promovendo a troca de informações e experiências entre universidades, institutos de pesquisa, empresas, órgãos governamentais, agentes do setor energético e associações da sociedade civil.

Diferentes tópicos foram discutidos nas apresentações orais e pôsteres, onde os temas foram divididos entre: conversão fotovoltaica, mercado, economia, política e social, recurso solar, solar térmico e outras fontes. No primeiro dia do congresso cinco minicursos foram oferecidos: comissionamento de sistemas fotovoltaicos e métricas de desempenho, radiação solar, sistemas heliotérmicos, instrumentação para avaliação do potencial de recurso solar e fundamentos sobre sistemas híbridos para produção de eletricidade. Nas plenárias discutiu-se sobre módulos e células solares bifaciais, recurso solar, hidrogênio verde, armazenamento de energia, políticas públicas para o setor de energia, redes inteligentes de energia, termossolar e ensino de energias renováveis. A ABENS, a Young ISES (International Solar Energy Society) e o Instituto Ideal realizaram uma sessão especial “Solar-Speed-Dating” para estudantes e jovens profissionais em energia solar, onde especialistas do setor discutiram com jovens cientistas/profissionais em pequenos grupos diferentes desenvolvimentos em tecnologia e negócios. O livro “Ciência e Tecnologia Solar no Brasil: 60 Anos” de Naum Fraidenraich e outros autores foi lançado no Congresso.

Além disso, foram realizados eventos pararelos como: Workshop Energif, Visita Técnica ao Laboratório Fotovoltaico UFSC, Simpósios Satélites da Portal Solar, PHB Solar, Itaipu e Research in Germany. O congresso também promoveu dois coquetéis durante o evento, com uma banda de rock, buscando a integração de todos os participantes.

A Rede Brasileira de Mulheres da Energia Solar promoveu o evento “Elas Conectam” no primeiro dia do Congresso, onde reuniu mais de 50 mulheres do setor (Figura 5). No evento foi lançado a página web da Rede (www.mesol.com.br), e espera-se que com ela seja possível promover mais a conexão, a informação, a organização e o apoio das mulheres do setor. Neste ambiente virtual estão inseridos todos os boletins mensais que a Rede fez, os manuais de boas práticas, os estudos realizados, entre outros. No evento foram apresentadas recomendações que podem ser inseridas nas empresas, buscando solucionar os principais problemas encontrados nos estudos para as mulheres, e assim promover um setor que contemple a equidade de gênero. Após, o evento teve-se um coquetel de confraternização.

Figura 5. Evento “Elas Conectam” da Rede Brasileira de Mulheres na Energia Solar no Congresso Brasileiro de Mulheres na Energia Solar.

Brasil como protagonista nestes dois eventos

Após 2 anos pandêmicos os eventos retornaram com muitas expectativas, e com os participantes sedentos de informações e interações. Ao observarmos estes dois importantes eventos, um internacional com mais de 50.000 pessoas e voltado para empresas e indústrias do setor de energia, mais especialmente o de energia solar, e o outro predominantemente da academia brasileira com 400 pessoas e na área de energia solar, é possível encontrar semelhanças importantes.

Os holofotes estão na eficiência, e isso é evidenciado nos módulos fotovoltaicos bifaciais, e em futuros arranjos fotovoltaicos que consideram a força do sistema utilizando o armazenamento de energia ou não. As redes inteligentes estão próximas do consumidor final, e há muitas possibilidades de implementação junto com a eletromobilidade, energia solar fotovoltaica e armazenamento de energia. O hidrogênio verde é o protagonista da vez na pesquisa e desenvolvimento para muitas aplicações, e principalmente quando considerarmos o armazenamento.

O Brasil é destacado no ambiente europeu diante de todas suas potencialidades de implementação de energia solar, e produção de hidrogênio verde proveniente de recursos energéticos renováveis. Tanto que o “Smarter E South America”, conhecido comumente pelo Intersolar, que ocorrerá entre os dias 23 a 25 de agosto deste ano em São Paulo é esperado 30.000 pessoas (mais que a metade do Europeu). Além disso, com a publicação do livro “Ciência e Tecnologia Solar no Brasil: 60 Anos” confirmamos que temos recursos humanos já desenvolvidos, treinados e capazes de inovar utilizando estas tecnologias no nosso País. Não há dúvida que o Brasil pode ser o astro principal destas mudanças no setor de energia, e sua importante contribuição para a transição energética. Esperamos que todos estes prognósticos sejam cumpridos, e que consigamos desenvolver políticas públicas que favoreçam este cenário.

Figura 6. IX Congresso Brasileiro de Energia Solar

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